segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

GESTÃO E MARKETING ESPORTIVO: PASSADO, PRESENTE E FUTURO

No inicio dos anos 1970 o futebol brasileiro já era valorizado. Naquela altura, a seleção já tinha o seu terceiro caneco conquistado no México. Aquela inesquecível seleção capitaneada pelo então ex-presidente, João Havelange, entrou para história não só dentro de campo, mas por ter tido também a primeira delegação completa, composta por preparador-físico, massagista, médico, fisiologista, e até um podólogo foi contratado, tamanha a preocupação “Com o instrumento de trabalho dos nossos jogadores”, -  justificou Havelange, em palestra no Rio de Janeiro em setembro de 2009.  “Foram retirados três quilos de impurezas dos pés de todos os selecionados” – contou o dirigente. Observem o detalhe e visão estratégica que JH teve há 43 anos atrás!

De lá pra cá muita coisa aconteceu no esporte brasileiro e mundial. A globalização foi permitindo que o futebol se tornasse um verdadeiro negócio. O mundo inteiro passou a nos ver como primeira referência. Começamos a virar um celeiro exportador já  nos anos 1980 com aquele time mágico de 82. Em 1984, os Jogos Olímpicos de Los Angeles, nos Estados Unidos, foi praticamente integralmente financiado com recursos privados e direitos de transmissão, um marco no marketing esportivo internacional. Graças ao próprio povo que não permitiu a zona com dinheiro público.

Três anos depois, a Copa União de 1987, também dá o verdadeiro pontapé inicial na publicidade esportiva com a entrada da TV no futebol brasileiro com transmissão ao vivo de vários jogos e os primeiros espaços comercializados nos uniformes. A mídia era o grande medo dos clubes. Agora, 26 anos depois, as entidades esportivas, federações e confederações estão escravas dela que virou quase dona majoritária do espetáculo. Precisamos rever os sistemas de disputa, horário dos jogos, preço dos ingressos, ou nosso produto se enfraquecerá bem aos poucos. Para melhorar mais ainda deveríamos proporcionar mais entretenimento ao público. 90 minutos está virando pouco tempo para pouca atração.

Ao mesmo tempo estamos evoluindo em outros sentidos. A Copa está trazendo melhor infra-estrutura, 12 novos Estádios de primeira linha, glamour e consequentemente jogadores renomados como Seedorf, Ronaldinho Gaúcho, Alexandre Pato e Fórlan, por exemplo. Estes atletas sim, se bem trabalhados,  já com história vitoriosa, trazem mídia, receitas de marketing, público ao jogos e possivelmente títulos – o verdadeiro e principal objetivo de qualquer entidade esportiva.

Valorizo muito o esporte, trabalho no meio, mas tenho questionado algumas situações. Se atualmente temos mais possibilidade de informação, tecnologia, estudos, dados estatísticos, vídeos, comparações, gráficos, precisamos criar uma formula precisa para a avaliar e precificar atletas – vejo uma super valorização dada a alguns jogadores. Exemplos: Rafinha, nova revelação do Flamengo: avaliado em R$ 105 milhões. Não completou nem sua primeira competição como profissional. E Dedé, do Vasco, apelidado de “Mito” pela mídia e pela torcida: R$ 100 milhões. Esta alcunha deveria ser lida antes no dicionário por quem lhe apelidou. Em termos de futebol, só consigo pensar em Pelé, Maradona, Garrincha, Puskas e Zico neste nível de “endeusamento”.

Precisamos rever este conceito de que a venda de dois ou três jogadores caros por ano paga as dívidas momentâneas. Estou cada vez mais certo de que o modelo de gestão vem sendo os pontos mais fracos de vários times brasileiros.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

ATÉ ONDE VAI O PREJUÍZO PARA OS DONOS DA FESTA?


Os Campeonatos Estaduais começaram e a repercussão dos primeiros jogos não se limitou aos gols dentro de campo. A discussão do momento é a falta de público nos estádios. A imprensa, os torcedores, os dirigentes, os patrocinadores, está todo mundo tentando entender a raiz do problema.

O debate sobre o assunto vai longe. O jogo de interesses fora das quatro linhas gera prejuízo principalmente as entidades esportivas. De um lado: o clube – atualmente totalmente refém da receita das TVs aberta e paga.  Do outro: as emissoras que precisam do conteúdo e geram receita via Futebol, a grande paixão nacional.

Em tese a jogada deveria ser boa para todos os lados: numero de jogos relevante, consequentemente  boa receita de TV, exposição evidente das marcas dos parceiros dos clubes em várias  partidas. Bom negócio também para a televisão que vive de ofecer entretenimento aos seus assinantes.

Contudo, nosso calendário não favorece. Temos 23 datas a cumprir. Numero excessívo. Grande parte dos jogos não desperta interesse do grande público. Para “mascarar” a péssima receita, os clubes abusam dos preços dos ingressos – agrava ainda mais a situação.  O horário de realização não passa de uma imposição das geradoras de conteúdo.

Observando a programação há partidas entre clubes grandes e de menor expressão aos domingos, às 19h30, no Stadium Rio (Engenhão). Este e principal Arena esportiva do Rio de Janeiro, apesar de já ter melhorado seu acesso e serviços, não possui uma enorme simpatia dos torcedores cariocas.

Outro detalhe que parece besteira mas faz sentido é a época do ano em que acontecem as competições regionais. Pesa no bolso da massa e até da elite partidas de futebol com preços excessivos após as comemorações de fim de ano e no ínterim das festas de Carnaval.
Uma solução poderia ser mudança no sistema de disputa, reduzindo um pouco o número de jogos, sem ter de excluir algum clube de menor porte da competição.

Na prática, ações relativamente simples já poderiam ser feitas melhorar o espetáculo de uma forma geral. Os grandes clubes não sabem fazer do “gameday” uma grande festa, que estimula o torcedor a comparecer.

No Brasil a cultura do próprio povo não permite algumas coisas. Bares e restaurantes, ou churrascarias não podem ser bem exploradas nos Estádios e os clubes deixam de faturar com isso. Em meio a isto, várias atrações poderiam ser incluídas como shows antes ou depois dos jogos, promoções gerando interatividade com torcedores dando oportunidades para realização de ativação de marketing, etc.

O placar acaba desfavorável aos clubes, verdadeiros donos do produto. A pergunta que fica: até quando eles vão aguentar?

*Fotos: 1. globoesporte.com  2.Arquivo google internet 3. Site UOL.